Orientador: Marcelo R. S . Ribeiro
Contexto/período de desenvolvimento: Programa de Bolsas Milton Santos 2020-2021
Projeto principal: Imagem e direitos humanos: consciência da humanidade, memórias de violações e projeções de dignidade no cinema e no audiovisual
Este projeto propõe a continuidade e a atualização da pesquisa que vem sendo feita desde o PIBIC 2019 sobre as representações e abordagens da escravidão e da resistência à escravidão, no cinema e em outros meios, a partir dos movimentos de descolonização iniciados na segunda metade do século XX, com base no estudo comparativo de produções cinematográficas e artísticas africanas e afrodiaspóricas, diferenciando seus modos de relação com o arquivo histórico da escravidão atlântica e com suas lacunas. Considerando a intensificação do trabalho de memória em torno da escravidão que tem ocorrido desde os movimentos de descolonização que se consolidaram nas décadas de 1960 e 1970, e reconhecendo a atual reconfiguração dos campos de disputa em torno das heranças da experiência colonial e da descolonização como problema político, este projeto questiona os modos como se pode assumir ou recusar tais heranças. Uma vez que diferentes representações e abordagens da escravidão estabelecem relações variáveis com o arquivo da escravidão e suas lacunas, trata-se de pensar quais são as modalidades de apropriação, recusa e ressignificação do arquivo da escravidão, assim como as formas de reivindicação da invenção de novas imagens. Para isso, confere-se maior ênfase à comparação entre perspectivas africanas e afrodiaspóricas e à exploração de outros meios artísticos e (audio)visuais, complementando os estudos em andamento sobre cinema brasileiro moderno e contemporâneo e sobre cinemas africanos modernos com o estudo dos cinemas africanos contemporâneos e delimitando marcos fundamentais para estudos comparativos que ultrapassem o campo do cinema e do audiovisual, abrangendo arte e cultura visual em sentido amplo e aproximando-se, assim, de pintura, fotografia e outras formas imagéticas, assim como da questão dos espaços museológicos e expositivos em que são inseridas e podem ser ressignificadas.
Projeto completo para consulta: Memórias da escravidão e resistência no cinema e em outros meios: abordagens africanas e afrodiaspóricas
Proposto e desenvolvido por Rogério Wesley Reis Felix Santos entre setembro de 2020 e agosto de 2021, com bolsa de iniciação científica do Programa de Bolsas Milton Santos.
Considerando a questão geral do projeto de pesquisa em que se insere, relativo às abordagens africanas e afrodiaspóricas das memórias da escravidão e resistência no cinema e em outros meios, tal como se relacionam com os temas da globalização, do espaço e do território, seja em sentido geral, seja no que concerne às suas modalidades singulares, ativadas por diferentes obras cinematográficas, artísticas e audiovisuais, em múltiplos contextos de circulação, exposição e recepção, este plano de trabalho destina-se a um estudo aprofundado do contexto do Centro Cultural Casa de Angola na Bahia, localizado no Centro Histórico de Salvador, considerando os núcleos da exposição de longa duração da instituição, que preserva e difunde, assim como a Casa do Benin e o Museu Afro-Brasileiro/UFBA, entre outras instituições, elementos de culturas africanas. Por meio de pesquisa bibliográfica e iconográfica, assim como de uma abordagem que temos denominado arqueologia do sensível, este plano de trabalho pretende pensar o espaço em que se situa a Casa de Angola na Bahia, na cidade de Salvador, e as relações espaciais que engendra entre contextos brasileiros e africanos, considerando o que Milton Santos denomina ?inseparabilidade dos objetos e das ações?. Trata-se, igualmente, de identificar e analisar plataformas de exibição e dispositivos museológicos que a Casa de Angola na Bahia atualiza, particularmente em suas exposições de longa duração, discutindo os modos como esse espaço singular participa do que Santos define como ?meio técnico-científico-informacional?, como espaço de memória. Finalmente, trata-se ainda de interrogar os modos como a situação espacial e as configurações museológicas da Casa de Angola na Bahia tornam possível elaborar perspectivas críticas sobre histórias e memórias, em relação e além do trauma da escravidão, no contexto de um processo de globalização que se acentua de forma cada vez mais perversa, mas que é preciso considerar também como possibilidade.
Plano de trabalho para consulta: Plataformas de exibição, dispositivos museológicos, espaços de memória: o Centro Cultural Casa de Angola na Bahia, em Salvador