Conversas Anarqueológicas - Ciclo 2021.1 - Terceira sessão

Conversas Anarqueológicas - Ciclo 2021.1 - Terceira sessão

Palestra do ciclo 2021.1 das Conversas Anarqueológicas

Montar a História: a crítica do realismo em Walter Benjamin

Resumo

Walter Benjamin afirmou em certa ocasião que “não tinha nada a dizer, somente a mostrar”. A afirmação se dá no contexto de uma reflexão sobre o trabalho do historiador, figura que o autor encarnou da forma mais heterodoxa quando tomou a Paris do séc. XIX como objeto de pesquisa ao longo de mais de uma década, tendo deixado ainda inconcluso o estudo que hoje lemos sob o título Passagens. As galerias comerciais que tanto fascinaram Benjamin o fizeram em grande medida por seu forte apelo visual, pelo modo inédito como reuniam e apresentavam mercadorias. Objeto de estudos perfeito para que o filósofo colocasse a prova sua leitura de Marx (não muito vasta) as Passagens foram também o objeto eleito por Benjamin para aplicar uma teoria da imagem que ele desenvolve no interior de sua teoria da História e a serviço dela. São históricas no mais elevado grau as imagens dialéticas de Benjamin. Leitor de Nietzsche, havia se formado na tradição de uma crítica do historicismo que vê na pretensão de isenção e neutralidade científica a marca do mau historiador. No contexto de uma tal reflexão é que a imagética oferece a Benjamin recursos metodológicos e heurísticos com os quais ele propõe uma concepção de História que seria visual não apenas no sentido de operar com imagens, mas tanto mais no sentido de pensar a História imageticamente. Trata-se aqui de investigar os fundamentos epistemológicos de uma tal concepção da História. Nesta empreitada nos será de grande valia o conceito de montagem, que Benjamin tomara emprestado ao cinema e ao modernismo estético das vanguardas europeias.

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Minibio

Manoel Gustavo de Souza Neto é graduado em História pela Universidade Federal de Goiás (2005), instituição onde realizou também pesquisas de mestrado (2008) e doutorado (2015) sobre a obra de Walter Benjamin. Entre 2014 e 2015 foi bolsista PDSE-CAPES na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Atualmente é professor efetivo de Teoria e Metodologia da História na Universidade Estadual de Goiás, Campus Norte, onde coordena o Núcleo de Estudos em Teoria da História (NETH). Atua também como Editor Executivo da Revista de Teoria da História do PPGH-UFG. Suas principais áreas de atuação são a Teoria da História, a História da Historiografia e a História do Tempo Presente.

Fotografia de Manoel Gustavo